quinta-feira, 17 de junho de 2010

Educação para liberdade.



Sempre que penso na educação sob a perspectiva do capitalismo a visualizo como uma imposição de cultura, falo em cultura por entender que ela que norteia as decisões dos homens, vista aqui como um conjunto de valores arraigados no individuo consciente e inconscientemente apreendidos, a cultura resulta da história de relações que se dão entre os próprios homens e entre estes e o meio ambiente;

Como essa imposição dá-se por meio de sua replicação um dos veículos mais eficazes é a educação formal, dentro dessa educação sistêmica busca-se uma uniformização da realidade, são negadas as diferenças e não se tem um olhar para as regionalidades, para as culturas e seus diversos matizes.

Essa educação uniformizada prima por atingir uma “igualdade de aparências”, nos costumes e por que não dizer nos traços físicos e culturais do ser humano, norteada pelo padrão dos grupos hegemônicos, pontuando acima de tudo que toda a cultura, sistemas de valores, ética e moralidade devem ser os instituidos por esse grupo.
Uma educação de cabresto, pronta a cegar a sociedade, e fazer-la cometer os mais sutis enganos ao ponto de induzi-la a crer que uma criança tornar-se marginal por ser dotada de má índole, ocultando as relações sociais de exclusão por trás de todo ato e ação. Essa educação segmentada nos forma, e deforma, em trabalhadores calados e submissos, perpetuando-se assim o consumismo desenfreado das classes mais abastadas e as desigualdades sociais.

São pacotes fechados de “educação”, onde não cabem acréscimos e que devem ser seguidos a risca, como se o ato de apreender se assemelhasse a uma receita de bolo, pega-se a historia escrita pelas classes dominantes, acrescenta-se uma pitada de matemática, um pouquinho de religião para manter o conformismo, geografia para demonstra a importância da dominação humana sobre a natureza, separa-se tudo em porções pequenas, dadas separadas, pois dentro de um mundo dito globalizado, ainda temos uma educação que faz pensar a realidade em pedaços, frações de um inteiro, quando na verdade deveríamos ver o inteiro e só depois pensar em tentar fracioná-lo, assim não escondendo nessas frações detalhes que os ligam intrinsecamente.

Esse individuo que essa educação forma, ou conforma, é treinado para replicar, não lhe é dado o direito de questionar, a chance de construir, contribuir, tudo que ele sabe, que aprendeu fora desse sistema, que seus pais lhe ensinaram, que as gerações de seu povo utilizavam, não passa de nada, não é conhecimento é sub-cultura deve ser abandonado, pois não é cientifico.

Mas o que é cientifico? Nada mais do que aquilo que a sociedade cientifica considera que o é. Não se questiona aqui a leis gerais da física, mas sim o por que dentro desse sistema tenho de me submeter a um empregador que me faz trabalhar 8 horas diárias e que obtém seu lucro na exploração de meu trabalho!, porque tenho de estudar a formação do continente europeu e não a do africano?, quem deu o direito para um homem ser o dono do mundo?, não uniu-se o homem em sociedade para a sobrevivência da espécie?, porque essa mesma sociedade quer acabar com ela mesma agora em beneficio de pequenos grupos de interesses!

Pensar a educação desse modo é negar a capacidade do ser humano de ser diferente, lhe dizer que os modos de aprender devem ser os mesmo para todos e que todos devem aprender as mesmas coisas, é matar a capacidade inventiva do homem, a educação não deve prender, ela é a liberdade ela é uma mistura do que eu sei com o que você sabe acrescida da impossibilidade probabilística de se saber o que vai dá. Uma “educação para a liberdade” onde não haveria uma cultura hegemônica para que as outras fossem apenas termos acessórios, que são incluídos apenas quando convém, como acontece atualmente, seria a salvação para a terra, pois a uniformização mata e a diversidade é vida!

Precisamos de uma educação diferente, que conheça a realidade dos indivíduos, que os auxilie, que lhe de uma oportunidade de crescer social e profissionalmente, que vá muito alem de dados quantitativos, ela deve ser a descoberta do dia a dia, deve ser um espaço onde possam haver trocas de experiências entre gestores, professores, alunos, entre seres humanos, uma educação com responsabilidade social, uma escola que seja chamada de lar, para onde o aluno queira ir, onde o professor se orgulhe de trabalhar, uma educação publica e de qualidade como rege a constituição federal brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário