quinta-feira, 24 de junho de 2010

Todos os homens têm o seu preço, e o preço de um é a liberdade de todos.




Ser incompreendido é o destino de quem vai contra a ordem vigente, coerente? Incoerente?



Porque tudo parece tão simples? Ou simplesmente complicado de mais para resolver?


Mesmo em meio as varias opções de escolha seguir o caminho natural do rio mostra-se sempre como a melhor opção! É mais fácil!


A conformidade da vida busca extinguir a centelha que arde por mudanças, as possíveis e as impossíveis.



União palavra pequena, mas que representa a essência do mundo reproduz quando induz a ação sistêmica incoerente que rege as relações pessoais e interpessoais, sociais! Sentimentais? Ambientais! Econômicas?


Atos isolados não existem, a teia do viver carrega a inter conectividade das ações, o obvio nunca parece ser novidade!



Pensar, ato voluntário, questionar, ato involuntário que exige a superação de paradigmas, superar os limites da visão, ir alem do próprio conceito arraigado do saber instituído, designado, apreendido, ensinado.



Sofrimento coletivo, ações coletivas, enxergar no outro a dor que pensamos ser de exclusividade nossa, inconformar-se com algo que simplesmente não nos afeta, afeta mais a dor individual cega ao ponto de só podermos enxergar nossa única e exclusiva escuridão.



Social, não somos nós sois vós, respeito por si, a dignidade de viver uma vida para além dos muros do isolamento, exigir para o outro o que para nós é direito!


Liberdade, utopias, sonhos. Verdades concretas, concretas, que buscam de forma vã demolir.



Todos os homens têm o seu preço, e o preço de um é a liberdade de todos.



Socialismo? É real, como o lápis que escreve essas palavras que a borracha do individualismo nunca ira apagar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Os Pilares da Direita na America do Sul


A America do Sul nos últimos anos viveu e vive um intenso processo de consolidação de governos democráticos populares, depois de vários anos de governos não tão democráticos onde prevalecia o poder econômico e militar, e onde a população sempre esteve a margem sem acesso a direitos básicos como saúde educação e a liberdade de se organizar, vemos surgi governos na America do sul de cunho democrático popular como o de Hugo Chaves na Venezuela, que erradicou o analfabetismo no país, acabou com o monopólio privado da comunicação aumentou o acesso à saúde e criou mecanismos de participação popular na gestão do Estado, o de Rafael Correia no Equador que vem promovendo reformas sociais para a redução da miséria no país e que busca incessantemente nacionalizar as riquezas de petróleo e gás, a exemplo de Evo Morales que nacionalizou essas riquezas, que convocou uma constituinte e elaborou uma nova Constituição democrática e popular, que reconheceu a soberania dos povos originários e está promovendo uma redistribuição de renda no país com os recursos do gás, e por que não falar de Cristina de Kirchner da argentina primeira mulher eleitas nas urnas do país, José "Pepe" Mujica do Uruguai ex guerrilheiro, e Lula no Brasil o estadista que mais se identificou com as necessidades do povo que esse país já viu.

Porém a America do Sul convive hoje ainda convive com dois governos explicitamente de direita e com forte apelo para a política neoliberal estadunidense, a Colômbia e o Peru. No peru o governo se orgulha de ter loteado e dado concessões em cerca de 70% do território amazônico erguendo uma política a serviço das multinacionais do petróleo, do gás e também da mineração.

Nesse ultimo domingo realizou-se na Colômbia eleições diretas para a presidência e o que estava em jogo com o resultado das eram dois programas de governo que aparentemente eram distintos, mas que intrinsecamente tinha o neoliberalismo como ponto central, o do candidato Antanas Mockus que apresentava uma opção mais avançada e legal do neoliberalismo na Colômbia e Santos que manteria o jogo como Uribe deixou, o povo Colombiano optou por manter a política implementada por Uribe, com a vitoria de Santos para a presidência da Colômbia, a America do sul amarga a consolidação dos pilares da direita e a sustentação do neoliberalismo, depois de dois mandatos do presidente Álvaro Uribe entusiasta e parceiro da política estadunidense, temos a confirmação de que a força econômica e militar estadunidense continuará a impedir a consolidação de um projeto de independência econômica e política da America do Sul.

O atual presidente da Colômbia, Santos, é reconhecido como sucessor político de Álvaro Uribe, mesmo afirmando que diferente de seu sucessor que isolou a Colômbia da America do Sul este pretende “trabalhar de mãos dadas com os países vizinhos para desenvolver uma agenda conjunta de cooperação e integração em todas as frentes”, um ponto que deve permanecer intacto em seu governo e a aliança militar financiada pelos Estados Unidos, aliança essa que inclusive permite que se instalem bases militares dos estados Unidos em território Colombiano e que coloca o governo norte americano dentro dos processos decisórios daquele país.

A vitória de santos representa a estagnação de um processo, ele mostra-se como a esperança estadunidense de barrar o crescimento dos governos democrático-populares de esquerda na região e tenta assegurar o mercado consumidor dos “enlatados norte americanos”.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Educação para liberdade.



Sempre que penso na educação sob a perspectiva do capitalismo a visualizo como uma imposição de cultura, falo em cultura por entender que ela que norteia as decisões dos homens, vista aqui como um conjunto de valores arraigados no individuo consciente e inconscientemente apreendidos, a cultura resulta da história de relações que se dão entre os próprios homens e entre estes e o meio ambiente;

Como essa imposição dá-se por meio de sua replicação um dos veículos mais eficazes é a educação formal, dentro dessa educação sistêmica busca-se uma uniformização da realidade, são negadas as diferenças e não se tem um olhar para as regionalidades, para as culturas e seus diversos matizes.

Essa educação uniformizada prima por atingir uma “igualdade de aparências”, nos costumes e por que não dizer nos traços físicos e culturais do ser humano, norteada pelo padrão dos grupos hegemônicos, pontuando acima de tudo que toda a cultura, sistemas de valores, ética e moralidade devem ser os instituidos por esse grupo.
Uma educação de cabresto, pronta a cegar a sociedade, e fazer-la cometer os mais sutis enganos ao ponto de induzi-la a crer que uma criança tornar-se marginal por ser dotada de má índole, ocultando as relações sociais de exclusão por trás de todo ato e ação. Essa educação segmentada nos forma, e deforma, em trabalhadores calados e submissos, perpetuando-se assim o consumismo desenfreado das classes mais abastadas e as desigualdades sociais.

São pacotes fechados de “educação”, onde não cabem acréscimos e que devem ser seguidos a risca, como se o ato de apreender se assemelhasse a uma receita de bolo, pega-se a historia escrita pelas classes dominantes, acrescenta-se uma pitada de matemática, um pouquinho de religião para manter o conformismo, geografia para demonstra a importância da dominação humana sobre a natureza, separa-se tudo em porções pequenas, dadas separadas, pois dentro de um mundo dito globalizado, ainda temos uma educação que faz pensar a realidade em pedaços, frações de um inteiro, quando na verdade deveríamos ver o inteiro e só depois pensar em tentar fracioná-lo, assim não escondendo nessas frações detalhes que os ligam intrinsecamente.

Esse individuo que essa educação forma, ou conforma, é treinado para replicar, não lhe é dado o direito de questionar, a chance de construir, contribuir, tudo que ele sabe, que aprendeu fora desse sistema, que seus pais lhe ensinaram, que as gerações de seu povo utilizavam, não passa de nada, não é conhecimento é sub-cultura deve ser abandonado, pois não é cientifico.

Mas o que é cientifico? Nada mais do que aquilo que a sociedade cientifica considera que o é. Não se questiona aqui a leis gerais da física, mas sim o por que dentro desse sistema tenho de me submeter a um empregador que me faz trabalhar 8 horas diárias e que obtém seu lucro na exploração de meu trabalho!, porque tenho de estudar a formação do continente europeu e não a do africano?, quem deu o direito para um homem ser o dono do mundo?, não uniu-se o homem em sociedade para a sobrevivência da espécie?, porque essa mesma sociedade quer acabar com ela mesma agora em beneficio de pequenos grupos de interesses!

Pensar a educação desse modo é negar a capacidade do ser humano de ser diferente, lhe dizer que os modos de aprender devem ser os mesmo para todos e que todos devem aprender as mesmas coisas, é matar a capacidade inventiva do homem, a educação não deve prender, ela é a liberdade ela é uma mistura do que eu sei com o que você sabe acrescida da impossibilidade probabilística de se saber o que vai dá. Uma “educação para a liberdade” onde não haveria uma cultura hegemônica para que as outras fossem apenas termos acessórios, que são incluídos apenas quando convém, como acontece atualmente, seria a salvação para a terra, pois a uniformização mata e a diversidade é vida!

Precisamos de uma educação diferente, que conheça a realidade dos indivíduos, que os auxilie, que lhe de uma oportunidade de crescer social e profissionalmente, que vá muito alem de dados quantitativos, ela deve ser a descoberta do dia a dia, deve ser um espaço onde possam haver trocas de experiências entre gestores, professores, alunos, entre seres humanos, uma educação com responsabilidade social, uma escola que seja chamada de lar, para onde o aluno queira ir, onde o professor se orgulhe de trabalhar, uma educação publica e de qualidade como rege a constituição federal brasileira.

O RECONHECIMENTO DOS POVOS DA FLORESTA

As primeiras comunidades que habitaram a Amazônia ocidental e mais especificamente a região onde hoje se situa o estado do Acre eram populações indígenas não se sabe exatamente de onde vieram, apenas que são povos nativos por estarem aqui antes da “re-ocupação”.


Com a descoberta da borracha e sua introdução no mercado global inciou-se um processo de colonização na região que alterou drasticamente a realidade, marcado por uma grande migração de nordestinos que buscavam na região uma nova oportunidade de vida, esse processo re-configurou a logica populacional e cultural da região.


A introdução dos seringais, e de novos habitantes na região Amazonica gerou mudanças drasticas na região, como a redução da população indígena, e o aumento da identidade cabloca ( mestiçagem entre brancos, negros e indígenas) Assim surgem novos personagens na historia amazonica resultantes dessa miscigenação de pessoas, culturas, ideias e credos; ribeirinhos, seringueiros, quebradores de coco, coletores de castanhas povos da floresta.


Ao final do ultimo ciclo da borracha na Amazonia, essas populações extrativistas foram esquecidas, pois não mais eram necessarias para a nação, e para a região outra extrategia vinha sendo pensada, com incentivo do Estado e sob o falso discurso nacionalista, os militares apregoando a unificação do país, financiaram a venda de antigos seringais na Amazônia para empresas agropecuárias e grandes pecuaristas, assentados no argumento que a região deveria ser ocupada.


Com essas mudanças acarretadas, pela vinda de novos atores sociais a reconfiguração das relações comerciais, além da abertura de novas vias de comunicação oriundas da construção das vias de acesso, há uma reconfiguração na organização social da região que possibilitou o reconhecimento dessa população como uma nova categoria dentro das relações sociais, nem índios e nem imigrantes, mas como populações que tinha em sua cultura um misto da cultura indígena e da cultura nordestina, com um forte apelo para a vida nas florestas, esse grande contingente populacional já havia fixado raízes na região e possuíam uma cultura que lhes era peculiar.



Todo esse processo fortaleceu as organizações sociais da região que começaram a se enxergar como classe, e a lutar como tal, viu-se a necessidade de ampliar-se essa luta para todos os povos que habitavam as florestas, assim surge em 1987 a Aliança dos povos da Floresta, onde reuniram-se índios, seringueiros, ribeirinhos, numa luta conjunta pelos direitos das populações que habitavam as florestas.


O passo seguinte foi reivindicar a territorialidade dessas populações, elas precisavam do reconhecimento de seu espaço e de suas técnicas de produção, um grande marco dentro desse processo se deu no ano de 1989, quando através das pressões sociais exercidas pelo movimento seringueiro, se cria a primeira reserva extrativistas do Brasil a RESEX do Juruá, pensada nos moldes das reservas indígenas, a reserva extrativista mantinha o formato original de ordenamento territorial dos seringais divido em estradas de seringa, e propiciava ao seringueiro uma oportunidade de desenvolver sua produção extrativista, alem das reservas extrativistas o INCRA incluiu dentro de seus processos de colonização a introdução de uma nova modalidade de assentamento, os PAE (projeto de assentamento extrativista) como mais uma alternativa de se assegurar dentro de assentamentos as características territoriais das comunidades tradicionais amazônicas.

Dentro das reservas extrativistas e dos PAEs predominava a produção extrativista de seringa e castanha, e a agricultura para subsistência, mas com a baixa no preço destes produtos, foi necessário buscar novas formas de se utilizar a floresta.

Assim iniciou-se um processo de desenvolvimento de técnicas para que se pudesse extrair da floresta novos produtos, mas sem causar impactos, surgindo com isso o manejo florestal.

O manejo florestal mostrou-se como uma nova alternativa para geração de renda e preservação de áreas de floresta na Amazônia com o uso sustentável dos recursos florestais, essa iniciativa teve suas ações regulamentadas no inicio dos anos noventa, mesmo as comunidades já a utilizando durante longos períodos através de técnicas tradicionais, foi somente a partir dessas iniciativas regulamentadas, capitaneadas por organizações não governamentais e de forma tímida por ações do estado, que foram se aprimorando as técnicas tradicionais e a legislação para chega-se a um denominador comum entre a técnica cientifica e o conhecimento tradicional.

Porem como um cenário recente dentro da estrutura do Estado, muitos são ainda os desafios para que se possa concretizar uma alternativa capaz de dar respostas aos anseios das comunidades.

Enfrentamos problemas relativos à territorialidade das comunidades e povos tradicionais, existe uma morosidade nos processos demarcatórios e na instalação de infra-estrutura nesses territórios, a questão do acesso mostra-se sempre como um empecilho para a produção e a locomoção dessas populações. O atendimento de saúde chega, quando chega, de forma incipiente resumindo-se muitas vezes a ação de agentes comunitários de saúde, ou campanhas pontuais de atendimento de forma fragilizada não abarcando o leque de problemas que essas comunidades enfrentam. A educação é outro problema comum a essas comunidades, acarretado em parte pela dificuldade de acesso e de instalação de estruturas mínimas para a condução de um processo de aprendizagem, e mesmo a educação quando chega é pautada nos mesmos moldes que o ensino fornecido para áreas urbanas. Um outro ponto que merece destaque refere-se ao êxodo de jovens dessas populações para outras áreas em sua maior parte em busca de educação e de emprego. No que refere-se a produção multiplicam-se os desafios, a produção florestal tem seu foco único e exclusivamente na extração de madeira, produtos não madeireiros não tem políticas especificas e nem mercado para venda, direcionando essas populações a tornarem-se reféns de madeireiros único produto com mercado garantido, a agricultura familiar feita a moldes tradicionais com corte e queima não pode mais ser realizada na região, e não são dados subsídios técnicos para que se utilize outras alternativas.

Alem desses inúmeros outros desafios se configuram para essas populações, mas colocamos com imprescindível a superação do preconceito que essas populações ainda sofrem da sociedade, por serem vistas como marginais, atrasadas, rudimentares e por ter como característica marcante o traço nordestino, negro, caboclo em sua composição étnica e cultural.