segunda-feira, 5 de julho de 2010

Socorro! Vamos enxergar a verdade


Usei da liberdade, e transcrevo aqui um e-mail do amigo e militante Germano Marino, que trata de mais uma faceta do preconceito na sociedade.
Passei ontem a noite em frente ao Bar da Help, observei a fraca freqüência do lugar. Perguntei aos amigos o que estava acontecendo, a própria dona do estabelecimento a Help, explicou que as pessoas não querem mais ir ao bar devido à localização em ser num lava jato, fiquei com um aperto no meu peito. Anteriormente a este fato, já tinha escutado essa revelação de algumas pessoas, mas nunca me perguntaram o que eu achava. Nestes anos todos militando no movimento LGBT, identifiquei varias dificuldades, dentre elas a grande dificuldade que os bares LGBTs têm ao conseguir tirar o seu alvará de funcionamento, é uma grande dificuldade, ninguém quer Lésbicas, Gays ou travestis namorando, se beijando, conversando, rindo próximos de suas residências, acontecendo sempre que os donos de propriedades comerciais não querem alugar seus pontos comerciais para servirem de pontos comerciais para a comunidade LGBT, ficando cada vez mais complicado investir em um melhor local para se colocar um Bar, uma Boate, Um Pt Stop,uma Sauna Gay ou qualquer que seja o entretenimento, se os empreendedores não conseguem alugar um melhor estabelecimento, se o mercado imobiliário, ou seja, se proprietários de estabelecimentos comerciais são preconceituosos, restringindo o acesso desses empreendedores para poderem oferecer um melhor ambiente para a comunidade LGBT, o que fazer nesta situação? Há dois meses, empresários de Minas Gerais, tentaram por três vezes alugar uma casa para colocarem uma sauna gay para servir de entretenimento cultural para o publico LGBT, e por duas vezes alugaram as residências, mas quando a imobiliária, esclarecia para o proprietário que o empreendimento era para o publico LGBT, eles pediam para cancelar o contrato de aluguel, isso aconteceu aqui em Rio Branco, há dois meses. Pela terceira tentativa, também tiveram que cancelar o contrato pela mesma justificativa, para Gays não queremos isso na minha propriedade, os dois empresários bem sucedidos, foram para Natal, no Rio Grande do Norte, é lá já inauguraram o espaço, é um sucesso o empreendimento. Imagina se há espaço para o mercado do entretenimento LGBT aqui no Acre? É ainda o mais grave, os poucos que existem ainda não os aproveitamos, ou não fazemos nem questão de ajudar e apoiar esses empreendedores nesta luta, para auxiliarem a melhorar seus empreendimentos. Dentre essas experiências drásticas, no ano de 2007, a proprietária do Bar Los Tacos, que ficava situado no bairro da Floresta, não conseguiu retirar seu alvará de funcionamento, devido que uma vizinha ao lado do bar, não queria que o bar funcionasse, porque não queria que sua filha freqüentasse um bar de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, nem a Associação de Homossexuais do Acre auxiliando e buscando com a proprietária do estabelecimento, conseguimos vencer essa barreira. Imagina o constrangimento, imagina se vai haver aqui no Acre um empresário que queira investir num mercado que enfrenta diversos preconceitos? A Help está a procura de um novo estabelecimento comercial, mas sempre dão com a porta na cara dela, com a mesma justificativa de sempre, ou seja, para gays, lésbicas e travestis não dá para ceder o imóvel. Aí acontece que ninguém fica sabendo disso, e muitos de nós LGBT (lésbicas, gays, Bissexuais, travestis ,Transexuais e amigos), ainda ficamos fazendo uma campanha difamatória contra o Bar da guerreira Help. Ela é uma guerreira, não é fácil vencer um sistema de muitos preconceitos, de varias homofobias, para poder colocar num dia da semana, sempre as sextas-feiras, uma noite de entretenimento para a comunidade LGBT. Acho que a melhor critica, é aquela que oferecemos uma solução para aquilo que achamos que não é legal, acho que cada um de nós poderia ajudar a Help a achar um local bacana, um local que tem a nossa identidade. Tenho certeza que juntos poderemos vencer essas barreiras do preconceito, e não deixar que a casa noturna mais famosa do Acre, e falada no Brasil, como o Bar da Help, possa fechar suas portas, pois se isso acontecer, é a mesma coisa como se perdêssemos a luta contra o preconceito. Quantos de nós, não nos descobrimos no Bar da Help? Quanto de nós não encontramos um apoio de ser feliz no Bar da Help? Quantos de nós não tivemos orgulho de ter um bar Gay nesta cidade provinciana? Será que em algum Restaurante dessa cidade, um gay ou uma lésbica podem se beijar na boca sem causarem nenhum escândalo? Será que em alguma pizzaria isso também é possível? Será que nestes espaços uma travesti pode chegar com seu companheiro sem causar nenhum tipo de constrangimento para outros freqüentadores? Vamos pensar nisso. Acho até mesmo que chamariam a própria policia, ou os próprios garçons para pedirem que não façam isso ali, troca de caricias (beijo, mão no cabelo, mãos dadas, etc...) porque é um ambiente familiar. Se em São Paulo isso ocorre, por isso que aprovaram uma Lei proibindo que ambientes públicos e privados, discriminassem homossexuais em seus estabelecimentos, imagine se aqui a coisa seria diferente.

Socorro! Vamos salvar o Bar da Help? Vamos ajudar a encontrar um espaço aberto sem nenhum tipo de discriminação com a comunidade LGBT? Acho que neste momento, podemos estar juntos para vencermos mais esse tipo de homofobia latente que ceifa vidas humanas.
Help estou contigo para te ajudar sempre é não sou mais um na fila de espera da covardia, só esperando a carniça para comer o fígado daquele que sempre me ajudou.

Nós aguarde, que eu e o meu companheiro Keliton Martins, estaremos aí nesta próxima sexta-feira, dia 09 de julho. E ainda mais, já estou pesquisando e olhando determinados pontos comerciais para te indicar. Nunca, jamais podemos deixar que esse mercado possa sugerir a exclusão e a discriminação com a comunidade LGBT.

Germano Marino