sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Rascunho.



No branco do papel resolvi escrever, o que me desatina, que me faz sofrer, responder as questões ser, o que ser?
No branco do papel fiz um refugio, do bem e do mal, dos quais sempre fujo, manchei minha alma, tornei-me homem sujo.
No branco do papel senti preconceito, de não aceitar a mim mesmo, de ser imperfeito, e de no outro buscar meus defeitos.

Na cor que deu vida ás palavras encontrei alegria, nas belas negras letras que mostraram a magia, que na mistura de tudo é possível criar sinergia.

Descobri na mistura a realidade, tudo é colorido, muda com a intensidade, dos reflexos de luz que trazem varias tonalidades.

Na mistura da vida me senti completo, senti o gosto sublime do amor e do afeto, senti o calor da vida na mistura manifesto.

No colorido da alma rompi as barreiras, não coube no papel derramou pelas beiras, inundou o planeta quer queira ou não queira.
No papel colorido eu não escrevi, não couberam palavras apenas vivi, envolveu minha angustia tornei-me feliz.

No mundo eu vivo, e ei de viver, no papel eu não vivo e ei de me esconder, então vivo primeiro pra depois escrever.
No papel sem vida agora coloco, o colorido das misturas e não me equivoco, em pensar ser o mundo apenas um bloco.
Descobri um segredo e vou espalhar, aos quatro cantos por todo o lugar, amar o diferente é se amar.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Propostas do Comitê Selva Central para o FORUM SOCIAL MUNDIAL


1. Definir políticas públicas de Estado para economia solidária que respeite as especificidades e a realidade de cada território.

2. Implementação de políticas de desenvolvimento de economia solidária, pautadas no fomento ao credito, cadeias produtivas, marco legal dessa política, estabelecendo o comercio justo entre os países que estejam interessados em participarem do processo de fortalecimento da Economia Solidária com garantia de comercialização.

3. Criar um fundo solidário mundial para fomentar as experiências de economia solidária no planeta.

4. Articulação inter institucional para integração de sistemas e cadastros de terras e promoção da regularização e controle fundiário;

5. Garantir e fortalecer assistência técnica de qualidade e adaptada a região do setor produtivo na Amazônia sul ocidental em diferentes escalas;

6. Desburocratizar os processos de licenciamento ambiental para os povos da floresta.

7. Garantir maior monitoramento e controle: social, ambiental, político, cultural e econômico das florestas para garantir a sustentabilidade;

10. Construção e adaptação de políticas públicas específicas que reduzam obstáculos ao desenvolvimento da atividade de manejo florestal comunitária na Amazônia;

11. Incentivar maior participação dos produtores nas cadeias produtivas locais de base sustentável;

12. Implantar programas de certificação ambiental, industrial e comércio justo;

13. Desenvolver e implementar mecanismos nacionais e internacionais de pagamento por serviços ambientais e mercados de carbono (oficial e voluntário) que favoreçam diretamente a os povos das florestas de forma transparente e democrática pelos mesmos na Amazônia com a exigência de que estes recursos sejam reinvestidos para a conservação e melhorias sociais.

14. Garantir o reconhecimento pela ampla atuação dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (Povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, campesinos, extrativistas...) na defesa e na preservação de suas florestas;

15. Garantir aos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (seringueiros, ribeirinhos, campesinos, extrativistas...) a sua efetiva participação na construção de mecanismos que os compense pela atuação na preservação da floresta, por exemplo na discussão no âmbito da Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação (REDD) da UNFCCC. Ainda, esta participação deve se ampliar aos projetos piloto de REDD implementados por governos e pela iniciativa privada;

16. Exigir que os documentos e projetos de leis nacionais e internacionais apresentem soluções não apenas de mitigação das mudanças climáticas, mas também de adaptação.

17. Ampliar o espaço que as mudanças climáticas ocupam nas agendas dos paises da Selva Central, empreendendo ações que visam tornar o tema mais permeável, apresentando-o a vastas parcelas da população e, sobretudo, envolver a sociedade civil, as ONGs e o empresariado nas decisões sobre mudanças climáticas em curso nas instâncias governamentais.

18. Fazer entender que a conscientização pública mundial, seja embasado pelo conceito de "cidadania planetária", ou seja, a noção de que fazemos parte de uma mesma humanidade e que, portanto, as responsabilidades de cada cidadão, independentemente de nacionalidade ou outras identidades devem "somar-se" em prol da sustentabilidade do planeta.

19. Exigir aos paises desenvolvidos que determinem medidas necessárias para que as emissões de gases de efeito estufa sejam mantidas em níveis que não influenciem o sistema climático de maneira perigosa.

20. Que os governos da Selva Central -MAP garantam a socialização, discussão e participação da sociedade civil organizada na construção do projeto de lei que definam as Políticas Nacionais de Mudanças Climáticas.

21. Fortalecer e melhorar os assentamentos agro-florestais em áreas não produtivas já desmatadas em bases sustentáveis para a Amazônia, com significativas implicações para a redução do desmatamento;

a)Distribuição de terras igualitárias (latifúndios, áreas privadas) para os povos amazônicos;

b) Demarcação e legalização dos territórios indígenas ainda não demarcadas e garantia a sua permanência.

c)Demarcação das terras dos povos tradicionais garantindo sua regularização e legalização

22. Exigir maior cooperação e integração de ações entre instituições dos Governos nacionais (Peru, Brasil e Bolívia), responsáveis pelo conjunto de políticas relacionadas às dinâmicas de desmatamento na Amazônia Sul Ocidental;

23. Implantação e ampliação da governança na gestão dos recursos hídricos com caráter objetivo, prepositivo e deliberativo.

24. Fortalecer as comunidades tradicionais (Povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, campesinos, extrativistas...), na preservação e recuperação de seus saberes e aplicação nas esferas do conhecimento em saúde, educação, infra-estrutura e conservação, valorizando o local frente ao global.

25. Desenvolver um enfoque integrado de gestão de bacias hidrográficas transfronteiriças com participação conjunta dos países envolvidos de forma efetiva com participação de seus órgãos estruturantes e sociedade civil organizada

26. Criar e ampliar mecanismos de incentivo as comunidades locais para o aumento da produtividade agrícola de caráter familiar, com tecnologias de baixo custo para a proteção e recuperação de áreas críticas (matas ciliares, nascentes, áreas abandonadas com pouco valor agrícola), como forma de reduzir a taxa de desmatamento e desperdício de água.

27. O Apoiar e fomentar a formação de novas lideranças, sobretudo de jovens atores dos povos das florestas (Povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, campesinos, extrativistas...).

28. Participar com direito a voz e voto nas discussões de governos nas implementações de infra-estrutura (complexo de hidrelétricas, pavimentação de estradas entre outros) nos âmbitos nacionais e internacionais e nas Câmaras Técnicas de Projetos, a partir da articulação com Fóruns Internacionais e sociedade civil organizada (ONGs, universidades, institutos de pesquisa, e Movimentos Sociais) garantindo que os instrumentos de planejamento participativos e a legislação sejam plenamente respeitadas;

29. Garantir uma educação não sexista, baseada na cultura do respeito à diversidade, fundada na valorização dos direitos humanos universais e da solidariedade na afirmação do direito à diferença e a equidade, combatendo a dominação patriarcal, o racismo, a xenofobia, a intolerância e todas as formas de discriminação;

30. Assegurar e garantir os direitos humanos das mulheres amazonidas.

31. Assegurar direitos já existentes para as mulheres amazônidas (indígenas, seringueiras, ribeirinhas, agricultoras, artesãs, aiuasqueiras entre outras) promovendo o acesso especifico, respeitando as particularidades culturais, produtiva, social e ambiental de cada realidade nos fóruns de inserção e discussão de políticas publicas ligadas a cultura, a produção, ao lazer e outros no âmbito nacional e internacional.

32. Garantir a participação da mulher de forma igualitária nos espaços de discussão dos comitês, conselhos e câmaras técnicas de políticas ambientais.


33. Combater as discriminações de sexo, raça e etnia, idade e orientação sexual no mercado de trabalho;

34. Implementar um pacto de defesa contra todas as formas de violência (física e psicológica) que atinge todas as mulheres, com atenção as mulheres negras, indígenas e aquelas que vivem no campo e nas floresta, e tem com objetivo a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres , o enfrentamento a feminização da AIDS e outras DST, o combate a exploração sexual, exploração de turismo sexual de crianças e adolescente e ao trafico de mulheres a promoção dos direitos humanos das mulheres em situação de prisão;

Em Defesa do Povo e da Causa Palestina: defesa da vida e dos direitos humanos


Os estudantes, professores, técnico-administrativos, poetas, músicos, profissionais liberais, sindicalistas, parlamentares e todas as pessoas que subscrevem este manifesto, o fazem por entender que a atual intervenção armada do Estado de Israel na Faixa de Gaza, se constitui em franco genocídio ao povo palestino.
Os bombardeios sobre as cidades e as manobras militares israelenses – com o apoio do governo, do aparato bélico e de agências de notícias norte-americanas – violentam os direitos humanos e o direito à vida de milhares de crianças, jovens, mulheres e homens que vivem na Faixa de Gaza e em toda a Palestina.
Tal violência é injustificável, como injustificável é o discurso do Estado Israelense que fala em “defesa” contra os ataques de “terroristas” árabe-israelenses. Essa retórica é a mesma que, não obstante aos apelos e protestos do mundo inteiro, foi utilizada pelos EUA de George W. Bush para bombardear e criminosamente destruir a vida, os direitos humanos e o patrimônio artístico e cultural da cidade de Bagdá, em tempos recentes.
Mas o que significa a palavra “defesa” para Israel, quando sabemos que esse Estado invadiu e se apoderou ilegalmente de considerável parte dos territórios palestinos, numa “ocupação” violenta e profundamente discriminatória que teve início em 1948 e se acentuou em 1967?
O que significa a palavra “defesa”, quando se é invasor dos territórios seculares de um povo e, pior ainda, quando a esse povo não resta nada mais que resistir com seus corpos e pedras à opressão e às tentativas de extermínio com o uso de metralhadoras, fuzis automáticos, bombas, tanques, helicópteros e outros armamentos sofisticados?
Um dos mais respeitados intelectuais palestinos do século XX, Edward Said, destacou que o Estado Israelense que nem sequer tem uma constituição, surgiu para consolidar politicamente a identidade judaica, isolando essa “identidade de tudo o que fosse não-judeu”, ou seja, definindo-se “a si próprio como um Estado de e para o povo judeu”. Desse modo, “Israel instaurou direitos exclusivos de imigração e posse da terra para os judeus”, desconhecendo e estigmatizando as populações árabes e, em especial, palestinas que viviam na região desde tempos imemoriais.
Ao ser implantado, em 1948, o Estado de Israel cerceou direitos e passou a cometer diversas atrocidades e violências contra todos os que vivam na Palestina antes desse período e que, da noite para o dia, foram ficaram proibidos de levar uma vida digna e em liberdade, sendo que os refugiados não podem nem sequer “ter acesso à terra como têm os judeus”.
Se no tempo presente a situação ganhou contornos indescritíveis e a violação aos mínimos direitos humanos atraiu a atenção internacional, há pelo menos duas décadas, a palavra de ordem do Estado de Israel tem sido ocupação e cercamento de cidades na Cisjordânia e em Gaza. São verdadeiras “gaiolas” em que as populações árabes locais foram condenadas a um eterno estado de sítio, com permanentes bloqueios nas estradas e vias de acesso, destruição de redes de instalação elétrica, saneamento e prédios públicos, fechamento das passagens para hospitais, feiras e universidades, detenção de caminhões de transportes de medicamentos e alimentos, em síntese a intenção tem sido “matar de fome, expulsar e colocar os palestinos de joelhos”. O atual conflito é, portanto, apenas a ponta do iceberg de um processo de lenta agonia e de luta desesperada do povo palestino para continuar vivo.
Ao contrário do que alardeia boa parte dos noticiários da grande mídia, que busca, na maioria das vezes, apenas fazer sensacionalismo, nada informar ou jogar a opinião pública contra o povo e a causa palestina, a guerra atual não é uma guerra entre dois estados: é a guerra de um Estado que é uma poderosa potência militar contra uma população indefesa, sitiada e a mercê de toda sorte de violências.
Nessa direção, consideramos significativas as observações feitas por Edward Said, em entrevista a David Barsamian, ao afirmar que “1948 e a fundação do Estado de Israel significou que fundamentalmente 78% da histórica palestina árabe se tornou israelense (...) A Cisjordânia e Gaza em conjunto constituem 22% da histórica palestina, e é sobre isso que a atual disputa se dá. Os palestinos não estão lutando por causa dos 78% perdidos. Eles lutam pelos 22% ainda restantes. Desses 22%, os israelenses ainda têm controle sobre 60% da Cisjordânia e 40% de Gaza. Se houvesse um dia um Estado palestino, não haveria um território contíguo. Ele estaria todo entrecortado em pequenos pedaços, controlados pelas estradas construídas pelos israelenses que agora cercam cada área palestina, por isso os palestinos estão hoje sitiados dentro do seu próprio território”.
Destacamos essas observações para colocar em evidência que a problemática palestina, as violências contra populações que vivem prisioneiras em suas próprias casas e territórios, a covardia e o cinismo do Estado e do governo de Israel se constitui em brutal genocídio aos palestinos. Ficar em silêncio, fingir que nada está acontecendo ou dizer que não temos nada a ver com isso significa ser cúmplice do assassinato e da mutilação de inúmeros seres humanos.
Nossa posição é um manifesto contra os assassinatos, todas as formas de violência física e psicológicas e o terror de estado impetrados por Israel na Faixa de Gaza. Tal posição espelha nossa convicção de que esta é uma causa universal e internacionalista: lutamos em defesa da vida, dos direitos humanos e do respeito à diferença e à autodeterminação dos povos no mundo árabe, no Oriente, na África, na América Latina, no Brasil, na Amazônia e em todos os lugares de um mundo contemporâneo profundamente marcado pela intolerância, a exclusão e a mutilação de milhares de mulheres, crianças e homens que perambulam sem a mínimas condições de existência na condição de “apátridas” em campos de refugiados, cercamentos, “gaiolas”, acampamentos de trabalhadores sem-terra, acampamentos urbanos de trabalhadores sem-teto e excluídos de um modo em geral.
Pela criação e reconhecimento do Estado da Palestina!
Pela retirada imediata de tropas israelenses da Faixa de Gaza e territórios ocupados em toda a palestina!
Pelo rompimento diplomático e comercial do governo e Estado brasileiro com o Estado de Israel!
Pelo fim de todos os bloqueios na Palestina!
Viva a luta do povo Palestino!
Viva a solidariedade com a luta e a causa do povo palestino!

Rio Branco, Acre, Amazônia brasileira, 15 de janeiro de 2009.