Há 20 anos, quem apostaria em um operário, sem diploma
universitário, presidente da República? E, com toda a carga de preconceito que
enfrentamos, na eleição de uma mulher como presidenta? No caso da reforma
política não será diferente.
Já está nas ruas uma campanha nacional em busca do apoio da
sociedade. Com 1,5 milhão de assinaturas de aprovação à nossa proposta,
sustentaremos um projeto de lei de iniciativa popular.
Não aceitamos que a reforma política se limite à coincidência de
datas das eleições. E temos a convicção de que essa é a hora para um movimento
mais amplo.
A coleta de assinaturas permitirá dialogar com a população e
mostrar que sem partidos políticos autênticos sofre a democracia. A campanha
possibilitará fortalecer o compromisso da sociedade com a gestão da coisa pública,
que começa no momento do voto.
O PT tem credibilidade, porque, apesar de todas as campanhas
feitas contra nós, as pesquisas mostram que não perdemos a confiança das
pessoas. Quando se fala em partido, fala-se em PT—mesmo com a tentativa de se
colocar todos na vala comum.
É fundamental a aprovação do financiamento público exclusivo das
campanhas eleitorais, que é a base da nossa proposta de reforma. Trata-se do
melhor meio para acabar com a influência do poder econômico, que dificulta o
exercício pleno da soberania popular por meio do voto livre. Ajuda, também, no
combate à corrupção, ao quebrar a conhecida simbiose entre doação privada de
campanha e as contrapartidas de certos políticos, após a eleição, à custa dos
cofres públicos.
Existe ainda um efeito colateral benéfico do financiamento
público exclusivo: o barateamento das campanhas eleitorais. Sim, porque os
recursos serão finitos, cada partido com a sua fatia.
Nossa campanha propõe um avanço: a obrigatoriedade das listas
partidárias, elaboradas democraticamente pelos partidos, com a paridade de
gênero, alternando homens e mulheres. As listas vinculam o voto a programas
partidários e não apenas a pessoas. E a paridade garantirá uma maior
participação das mulheres na política, corrigindo uma grave distorção: elas são
maioria na sociedade, mas têm presença ainda irrisória na política.
Para garantir uma reforma política ampla, propomos a convocação
de uma Assembleia Nacional Constituinte específica. Quem for eleito
exclusivamente para aquele fim não ficará apegado à preocupação de alterar o
sistema político eleitoral, visto que seu mandato se esgotará ao término da
Constituinte.
E ainda será possível corrigir uma distorção gritante no
Congresso, onde há uma subrepresentação de alguns Estados. Na democracia
representativa, é preciso vigorar o princípio de uma pessoa, um voto.
O PT nunca se curvou ao senso comum. Nunca desertou do bom
combate, por mais ingente que parecesse. Foi com esse espírito que saímos às
ruas pelas Diretas-Já. Foi com esse espírito que promovemos, em dez anos de
governo, transformações profundas para melhorar a vida de milhões de
brasileiros e brasileiras. E com esse espírito venceremos o discurso fácil de
que a reforma política é impossível.
*RUI FALCÃO, 69, é presidente nacional do PT e deputado estadual
(SP).
(Artigo publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo)
Acredito que é a melhor proposta para o BRASIL. Está na hora de mudarmos essa pouca vergonha que se faz na política. Vamos substituir o financiamento imoral pelo financiamento público de campanha.
ResponderExcluir8 de maio? achei q a dilma tivesse tido essa ideia hj!
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